Índia, membro do BRICS, não tem planos de acabar com sua dependência do dólar
A ascensão dos BRICS e as propostas de desafiar a hegemonia do dólar americano têm sido temas recorrentes nos debates sobre a nova ordem mundial. No entanto, a realidade é mais complexa do que a simples oposição entre um bloco emergente e uma potência estabelecida.
A Índia, embora seja um membro importante do bloco, tem demonstrado uma postura neutra, resistindo à pressão para transformar o BRICS em um bloco antiamericano. Segundo a Bloomberg, autoridades indianas não estão entusiasmadas com um projeto em que Rússia e China desempenham papéis principais. Com uma perspectiva própria sobre o cenário geopolítico, a Índia claramente não deseja ser vista apenas como um ator secundário em uma campanha contra o dólar americano.
O país asiático não é o único a relutar, o Brasil e a África do Sul também não demonstram interesse em transformar o BRICS em uma coalizão contra o dólar. Os Emirados Árabes Unidos, que recentemente se juntaram ao grupo, estão igualmente cautelosos. Com fortes laços com o Ocidente e uma relação próspera, os Emirados Árabes Unidos não veem razão para alterar uma estratégia bem-sucedida.
Antes da cúpula do bloco realizada em Kazan, uma reunião de ministros das finanças em Moscou chamou a atenção pela ausência de autoridades da China, Índia e África do Sul. Até mesmo a China, que costuma apoiar propostas ambiciosas nesses assuntos, parece hesitante. Segundo Wang Yiwei, diretor do Centro de Estudos Europeus da Universidade Renmin, a China considera exagerada a ideia de contornar o dólar. Afinal, a maioria dos países do BRICS não enfrenta sanções ocidentais, o que reduz sua motivação para desafiar a ordem financeira global.
Enquanto isso, a revista The Economist relata que Vladimir Putin planeja desafiar a supremacia do dólar americano, propondo um novo sistema financeiro e de pagamento global que poderia aumentar a influência do grupo e limitar o domínio dos EUA. No entanto, o entusiasmo por essa visão parece contido, especialmente por parte da Índia, que continua firme em traçar seu próprio caminho.
Portanto, a batalha contra o dólar americano, ao que tudo indica, foi interrompida — ao menos por enquanto.